quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Psicanálise


 Psicanálise é um campo clínico e de investigação teórica da psique humana desenvolvido por Sigmund Freud, que se propõe à compreensão e análise do homem, compreendido enquanto sujeito do inconsciente e abrange três áreas:

• um método de investigação da mente e seu funcionamento;
• um sistema teórico sobre a vivência e o comportamento humano;

• um método de tratamento psicoterapêutico.


Sigmund Schlomo Freud
 Freud foi inspirado pelo trabalho do fisiologista Josef Breuer, por seus trabalhos iniciais com a hipnose, que marcaram profundamente os métodos do psicanalista, embora mais tarde ele abandone essa terapêutica e a substitua pela livre associação. Ele também incorporou à sua teoria conhecimentos absorvidos de alguns filósofos, principalmente de Platão e Schopenhauer. Freud interessou-se desde o início por distúrbios emocionais que na época eram conhecidos como ‘histeria’, e empenhou-se para, através da Psicanálise, encontrar a cura para estes desajustes mentais. Desde então ele passou a utilizar a arte da cura pela fala, descobrindo assim o reino onde os desejos e as fantasias sexuais se perdem na mente humana, reprimidos, esquecidos, até emergirem na consciência sob a forma de sintomas indesejáveis, por uma razão qualquer – o Inconsciente.
 Segundo Freud a nossa mente consciente não controla todos os nossos comportamentos, pois mesmo os nossos atos voluntários, resultantes de uma deliberação racional, estão dependentes de um fonte motivacional inconsciente. O inconsciente defini-se como uma zona do psiquismo constituída por desejos, pulsões, tendências e recordações recalcadas, fundamentalmente de carácter sexual.
 Freud apresenta duas interpretações do psiquismo humano:



Ele recorre à imagem do icebergue: o consciente corresponde à parte emersa, enquanto o inconsciente corresponde à parte submersa, do icebergue sendo por isso muito maior relativamente ao consciente.
 Freud também apresentou três instâncias: id, ego, superego.




O id é a zona inconsciente, primitiva, a partir do qual se forma o ego e o superego; está desligado do real, não se orientando por normas ou princípios morais sociais ou lógicos. É formado por instintos, impulsos orgânicos, desejos inconscientes e regido pelo princípio do prazer que exige satisfação imediata.
 O ego é a zona fundamentalmente consciente, que se forma a partir do id e rege-se pelo princípio da realidade, ou seja, à necessidade de encontrar objetos que possam satisfazer o id sem transgredir as exigências do superego. Forma-se durante o primeiro ano de vida. 
O superego é a censura das pulsões que a sociedade e a cultura impõem ao id, impedindo-o de satisfazer plenamente os seus instintos e desejos. É a repressão sexual. Manifesta-se na consciência indiretamente, sob a forma de moral, como um conjunto de interdições e deveres, e por meio da educação, pela produção do “eu ideal”, isto é, da pessoa moral, boa e virtuosa.




Mecanismos de defesa são processos subconscientes que permitem à mente encontrar uma solução para conflitos não resolvidos ao nível da consciência. A psicanálise supõe a existência de forças mentais que se opõem umas às outras e que batalham entre si. Os mecanismos de defesa mais importante são:


Repressão - É afastar ou recalcar da consciência um afeto, uma idéia ou apelo do instinto. Um acontecimento que por algum motivo envergonha uma pessoa pode ser completamente esquecido e se tornar não evocável.

Racionalização ou intelectualização – É um conjunto de estratégias de justificação de comportamentos, pensamentos, tendências psíquicas , lógicas, com o fim de evitar sentimentos de inferioridade que ponham em risco a auto-estima.

Projeção – Têndencia que os seres humanos têm para atribuir aos outros, comportamentos, sentimentos e desejos que, sendo deles próprios, são muitas vezes tidos como inaceitáveis.

Deslocamento – Mecanismo libertador que ocorre quando um indivíduo, não podendo atingir determinado objeto, o substitui por outro, sobre o qual descarrega as suas tensões acumuladas.

Regressão – Mecanismo segundo o qual o indivíduo adota formas de conduta próprias de estádios anteriores de desenvolvimento em que o indivíduo se sentia em segurança.

Compensação ou formação reativa – Mecanismo de defesa contra qualquer tipo de inferioridade fisiológica ou psicológica, seja ela real ou não, que consiste na adoção de comportamentos contrários ao desejo.

Sublimação – O sujeito substitui o fim ou o objeto das pulsões de modo que estas se possam manifestar em modalidades socialmente aceitas.


 Os mecanismos de defesa são aprendidos na família ou no meio social externo a que a criança e o adolescente estão expostos. Quando esses mecanismos conseguem controlar as tensões, nenhum sintoma se desenvolve, apesar de que o efeito possa ser limitador das potencialidades do Ego, e empobrecedor da vida instintual. Mas se falham em eliminar as tensões e se o material reprimido retorna à consciência, o Ego é forçado a multiplicar e intensificar seu esforço defensivo e exagerar o seu uso. É nestes casos que a loucura, os sintomas neuróticos, são formados. Para a psicanálise, as psicoses significam um severa falência do sistema defensivo, caracterizada também por uma preponderância de mecanismos primitivos. A diferença entre o estado neurótico e o psicótico seria, portanto, quantitativa, e não qualitativa. 

Processo de Transferência – Projeção no analista dos sentimentos, emoções ou desejos recalcados nas experiências infantis do paciente. O psicanalista funciona como um recipiente destes sentimentos, interpreta-os e dá-lhes um significado antes de os devolver ao paciente.
 Na transferência o paciente produz com clareza plástica, uma parte importante da história de sua vida, da qual de outra maneira, ter-nos-ia fornecido apenas um relato insuficiente. Ele a representa diante de nós, por assim dizer, em vez de apenas nos contar. (Freud, 1930)
 A transferência permite que o analista se aproprie do saber inconsciente que se insinua na fala do sujeito. A interpretação da transferência é perigosa, pois tal procedimento pode até aliviar a angústia do sujeito, e com isso gratificar o analista, mas pode ser que o analisando esteja apenas substituindo sua associações pelas interpretações do analista, numa tentativa de recuperar a estabilidade que as defesas conferem à neurose.
 A transferência se constitui a partir da realidade psíquica do analisando, por meio dos seus desejos, medos e outros aspectos da sua subjetividade. Em Recordar, Repetir e Elaborar, Freud esclarece que a transferência cria uma região intermediária entre a doença e a vida real, através da qual a transição de uma para a outra é efetuada. A nova condição assumiu todas as características da doença, mas representa uma doença artificial, que é, em todos os pontos acessível à nossa intervenção. Trata-se de um fragmento que foi tornado possível por condições especialmente favoráveis, e que é de natureza provisória.





Associações livres – Criação de um estado de relaxamento no paciente para que, através de um diálogo com o psicanalista, possa ultrapassar as barreiras que impedem as experiências recalcadas ou traumatizantes de vir ao consciente.
 "A associação livre como regra fundamental da psicanálise, constitui um convite a que o sujeito da experiência tome distância da coerência, como condição de poder bem dizer da verdade do sintoma que o invade. Assim a psicanálise valoriza mais o incoerente que o coerente do sintoma e o consultório do analista é o lugar de se desfazer desses laços da coerência do sintoma para na linha de um novo laço – transferencial, o sujeito, enlaçado não ao analista, mas a esse lugar do desenlaçamento, buscar dar conta de seu sintoma e elabora-lo." (Jorge A. Pimenta Filho Carta Acf)
 Na associação livre o paciente é orientado a dizer o que lhe vier à cabeça, deixando de dar qualquer orientação consciente a seus pensamentos. É essencial que ele se obrigue a informar literalmente tudo que ocorrer à sua autopercepção, não dando margem a objeções críticas que procurem pôr certas associações de lado, com base no fundamento de que sejam irrelevantes ou inteiramente destituídas de sentido.
 A associação livre oferece inúmeras vantagens: expõe o paciente à menor dose possível de compulsão, jamais permitindo que se perca contato com a situação corrente real; e garante em grande medida que nenhum fator da estrutura da neurose seja desprezado e que nada seja introduzido nela pelas expectativas do analista. Deixa-se ao paciente, em todos os pontos essenciais, que determine o curso da análise e o arranjo do material; qualquer manuseio sistemático de sintomas ou complexos específicos torna-se desse modo impossível. Em completo contraste com o que aconteceu com o hipnotismo, o material inter-relacionado aparece em diferentes tempos e em pontos diferentes no tratamento. Deve, teoricamente, sempre ser possível ter uma associação, contanto que não se estabeleçam quaisquer condições quanto ao seu caráter.


Atenção Flutuante: “Segundo Freud, modo como o analista deve escutar o analisando: não deve privilegiar a priori qualquer elemento do discurso dele, o que implica que deixa funcionar o mais livremente possível a sua própria atividade inconsciente e suspenda as motivações que dirigem habitualmente a atenção” (Ibid,40).



  A “atenção flutuante” é aquilo que permite ao analista escutar o que há de novo e diferente no que o analisando diz – e não ouvir simplesmente o que queremos ou esperamos a princípio escutar.
 A atenção flutuante, segundo Fink, consiste em uma forma de atenção que flui de ponto a ponto, frase a frase, sem necessariamente tentar obter qualquer conclusão delas, interpretá-las, uni-las ou somá-las. Uma atenção que captura um nível de significação e, ainda assim, escuta todas as palavras e a forma como elas são pronunciadas.

Ato falho - é um erro na fala, na memória ou numa ação física que seria supostamente causada pelo inconsciente. Os atos falhos não são limitados ao discurso oral ou a desejos sexuais reprimidos, podendo afetar até mesmo à cognição, que se vê prejudicada por fixações do inconsciente.
 Inconscientemente, isto é, através do ato falho o desejo do inconsciente é realizado. Isto explica o fato de que nenhum gesto, pensamento ou palavra acontece acidentalmente. Os atos falhos são diferentes do erro comum.
 Ato falho abrange também erros de leitura, audição, distração de palavras. São circunstâncias acidentais que não tem valor e não possuem consequência prática.
 Os atos falhos são compreendidos por muitas pessoas como falta de atenção, cansaço, eventualidade, porém pode ser interpretado como uma manifestação reprimida.



Interpretação dos sonhos – O psicanalista pede ao analisado que lhe relate os sonhos. Segundo Freud, o sonho seria a realização simbólica (disfarçada) de desejos recalcados. Freud distingue o conteúdo manifesto do sonho (o que é lembrado, o que é consciente) e o conteúdo latente (os desejos, medos, recalcamentos que estão subjacentes). Cabe ao analista dar-lhe um sentido, interpretando os sonhos narrados.

Importância do instinto sexual - Freud notou que na maioria dos pacientes que teve desde o início de sua prática clínica, os distúrbios e queixas de natureza hipocondríaca ou histérica estavam relacionados a sentimentos reprimidos com origem em experiências sexuais perturbadoras. Assim ele formulou a hipótese de que a ansiedade que se manifestava através dos sintomas (neurose) era conseqüência da energia (libido) ligada à sexualidade; a energia reprimida tinha expressão nos vários sintomas neuróticos que serviam como um mecanismo de defesa psicológica. Essa força, o instinto sexual, não se apresentava consciente devido à "repressão" tornada também inconsciente. A revelação da "repressão" inconsciente era obtida pelo método da livre associação (inspirado nos atos falhados ou sintomáticos, em substituição à hipnose) e pela interpretação dos sonhos (conteúdo manifesto e conteúdo latente). O processo sintomático e terapêutico compreendia: experiência emocional - recalque e esquecimento - neurose - análise pela livre associação - recordação - transferência - descarga emocional - cura.

 Complexos de Édipo - De acordo com Freud, o criador da Psicanálise, durante a infância todos os seres humanos ficam sexualmente obcecados por seus pais. Os meninos se interessam pela mãe e têm ciúmes do pai, enquanto o inverso ocorre com as meninas. Esse complexo de emoções afeta toda a nossa vida. 
 No centro do "Id", determinando toda a vida psíquica, constatou o que chamou Complexo de Édipo, isto é, o desejo incestuoso pela mãe, e uma rivalidade com o pai. Segundo ele, é esse o desejo fundamental que organiza a totalidade da vida psíquica e determina o sentido de nossas vidas. O termo deriva do herói grego Édipo que, sem saber, matou seu pai e se casou com sua mãe. Freud atribui o complexo de Édipo às crianças de idade entre 3 e 6 anos. Ele disse que o estágio geralmente terminava quando a criança se identificava com o parente do mesmo sexo e reprimia seus instintos sexuais. Se o relacionamento prévio com os pais fosse relativamente amável e não traumático, e se a atitude parental não fosse excessivamente proibitiva nem excessivamente estimulante, o estagio seria ultrapassado harmoniosamente. Em presença do trauma, no entanto, ocorre uma neurose infantil que é um importante precursor de reações similares na vida adulta. O Superego, o fator moral que domina a mente consciente do adulto, também tem sua parte no processo de gerar o complexo de Édipo. Freud considerou a reação contra o complexo de Édipo a mais importante conquista social da mente humana. Psicanalistas posteriores consideram a descrição de Freud imprecisa, apesar de conter algumas verdades parciais.

· Esquecimentos – Estão ligados quase sempre a lembranças de impressões ou experiências traumatizantes.

· Lapsos – São a interrupção brusca de um “segmento” de um ato consciente que deveria ter ficado esquecido.


Referências: 
 • www.infoescola.com/psicologia/psicanalise/
 • artigos.psicologado.com/abordagens/psicanalise/o-metodo-da-associacao-livre
 • psicanalisesaudemental.blogspot.com.br/2009/02/conceitos-principais-em-psicanalise.html
 • ehternamente.wordpress.com/2010/08/30/fichamento-
 • artigos.psicologado.com/abordagens/psicanalise/transferencia
 • pt.wikipedia.org/wiki/Ato_falho
 • www.cobra.pages.nom.br/ecp-psicanalise.html
 • psique-guiadocomportamentohumano.blogspot.com.br/2012/05/o-complexo-de-edipo.html

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